BIODIVERSIDADE ACREANA
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BIODIVERSIDADE E SOCIODIVERSIDADE ACREANA SOB A ÓTICA CIENTÍFICA
13 de março de 2008
VARIABILIDADE DA FARINHA DE MANDIOCA COMERCIALIZADA NO MUNICÍPIO DE CRUZEIRO DO SUL – ACRE QUANTO ÀS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS
Anais do XII Congresso Brasileiro da Mandioca - Mandioca Bioenergia, Alimento e Renda, Paranavaí-PR, 23-26 de outubro de 2007.

Joana Maria Leite de Souza (1), Jacson Rondinelli da Silva Negreiros (2), Virgínia de Souza Álvares (3), Felícia Maria Nogueira Leite (4), Fabiana Silva Reis (5), Francisco Álvaro Viana Felisberto (1)

(1) Embrapa Acre – CPAF-AC. BR 364, Km 14, 69908-970. Rio Branco – Acre. E-mail: joana@cpafac.embrapa.br; (2) Bolsista DCR, Universidade Federal do Acre (UFAC); (3) Bolsista DCR, CPAF-AC; (4) Estudante de pós-graduação, UFAC; (5) Bolsista DTI-H, CPAF-AC.

PALAVRAS-CHAVE: análise multivariada, heterogeneidade, legislação brasileira.

INTRODUÇÃO

A farinha de mandioca não é um produto muito valorizado, sobretudo por sua variabilidade, que pode surgir de variedades ou do processamento. No Acre, ela é produzida de forma artesanal, onde cada produtor segue um processo próprio de fabricação.

As técnicas de estatística multivariada, assim como análises de agrupamento podem ser instrumentos úteis na identificação de produtores que fabricam farinha de mandioca com características semelhantes, para uma maior uniformidade da comercialização.

O objetivo deste trabalho foi analisar a variabilidade da farinha de mandioca comercializada no município de Cruzeiro do Sul - Acre, por meio da análise multivariada.

MATERIAL E MÉTODOS

A farinha de mandioca produzida de forma artesanal foi coletada em casas-de-farinha em Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima e Rodrigues Alves - Acre. Os tratamentos foram as farinhas coletadas (Tabela 1), onde 1, 2, 3 e 4 são de um mesmo fabricante: 1= farinha com coco; 2= farinha grossa, 3= farinha peneirada e 4= farinha com açafrão. As amostras foram transportadas para o Laboratório de Tecnologia de Alimentos da Embrapa-AC. Avaliaram-se os teores de umidade, cinzas, lipídeos, proteínas, fibra bruta, carboidratos, acidez total titulável e pH (AOAC, 1995). A variabilidade foi estimada por análise de agrupamento pelo método de otimização de Tocher (Rao, 1952) e o método do vizinho mais próximo. Utilizou-se o aplicativo GENES (Cruz, 2001).













RESULTADOS E DISCUSSÃO

Todas as amostras estão de acordo com os padrões estabelecidos pela Legislação Brasileira (Brasil, 1995) quanto aos teores de umidade (máximo de 13%), cinzas (máximo de 1,5%), acidez (máximo de 3%) e carboidratos (mínimo de 70-75%) (Tabela 2).













Por meio do agrupamento de Tocher, verifica-se a formação de cinco grupos, onde o grupo I foi formado pela maioria das amostras (Tabela 3).











O grupo II apresentou os maiores teores médios de umidade e fibra, e menores teores de proteína e carboidratos. A acidez, menor valor médio, foi adequada. Baixa umidade é favorável estando relacionado com o processo de fabricação. As fibras podem complexar-se a nutrientes, arrastando-os na excreção fecal (Raupp, 1999). Por isso, considera-se que elevados teores não são adequados.

O grupo III teve os maiores valores de cinzas, lipídeos e pH dentre os demais (Tabela 3). Valores altos de cinzas podem ser indicativos de teores significativos de Ca, P, Fe e Mg ou falhas no processamento.

O grupo IV, de qualidade, apresentou o menor teor de cinzas, maior de proteína e menor de lipídeos (Tabela 3). Como os teores de proteínas e lipídeos estão relacionados com a variedade, a variedade Mansa e Brava pode ser de elevado teor protéico e baixo de lipídeos.

O grupo V, também de qualidade, apresentou o menor teor de umidade e maior de carboidratos (Tabela 3), podendo este último estar relacionado com o menor teor de fibras.

Neste grupo, a farinha teve o maior valor de acidez dentre as demais. A acidez elevada pode ser falta de higiene no processo ou exposição prolongada da massa à temperatura elevada com o elevado tempo de fermentação.

Gerou-se um dendrograma para formação dos grupos pelo método do vizinho mais próximo (Figura 1).

Considerando uma distância de 60% no dendrograma, verifica-se a formação de seis grupos. A divergência entre eles mostra a variabilidade nas farinhas produzidas na região. Os dois métodos de aglomeração fundamentados em dados físico-químicos foram coerentes na formação dos grupos de farinhas de mandioca coletadas.

A variabilidade das farinhas não está representada pela variedade ou local de produção, já que não foram classificados no mesmo grupo, podendo esta estar relacionada com o processo de fabricação, sendo a heterogeneidade encontrada em um mesmo produtor.

CONCLUSÕES

A obtenção de grupos indica presença de variabilidade nas farinhas coletadas. A farinha peneirada produzida na comunidade Alto Pentecostes, oriunda da variedade Caboquinha e a farinha produzida no Ramal da Macaxeira proveniente da variedade Mansa e Brava, podem ser consideradas as de melhor qualidade.

As técnicas multivariadas de agrupamento foram coerentes na identificação de grupos de similaridade entre as farinhas comercializadas em Cruzeiro do Sul – Acre.













REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AOAC. Association of Official Analytical Chemists. Official methods of analysis of the AOAC International. 16ª. edição. Arlington, 1995.

BRASIL. Portaria n. 554, de 30 de agosto de 1995. Norma de identidade, qualidade, apresentação, embalagem, armazenamento e transporte da farinha de mandioca. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 01 set. 1995.

CRUZ, C.D. Programa GENES – versão Windows – Aplicativo Computacional em Genética e Estatística. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2001. 648 p.

RAO, R.C. Advanced statistical methods in biometric research. New York: Jonh Wiley and Sons, 1952. 390 p.

RAUPP, D.S. Composição e propriedades fisiológico - nutritivas de uma farinha rica em fibra insolúvel obtida do resíduo fibroso de fecularia de mandioca. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 19, n. 2, 1999. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid. Acesso em: 30 Maio 2007.
posted by Evandro Ferreira @ 12:15  
1 Comments:
  • At 8:54 AM, Blogger Sara said…

    É muito importante que essa diversidade pode ser mantida, espero que em algum momento para visitar estes lugares, também antes de eu espero ir comer nos Delivery Itaim

     
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Nome: Evandro Ferreira
Cidade: Rio Branco, Acre, Brazil
Quem sou eu: Acreano, nascido em Rio Branco, Pesquisador do Inpa-Ac e do Parque Zoobotânico da UFAC. Mestrado em Botânica no Lehman College, New York, USA, e Ph.D. em Botânica Sistemática pela City University of New York (CUNY) & The New York Botanical Garden (NYBG). Me escreva: evandroferreira@hotmail.com
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